Vários fatores se somam para o baixo dinamismo do varejo, avalia IBGE

Apesar da melhora no mercado de trabalho e da queda na taxa básica de juros, o comércio varejista mostra baixo dinamismo nos últimos meses. As famílias estão preferindo aproveitar a melhora no orçamento doméstico para reduzir dívidas e sair da inadimplência, em vez de consumir, avaliou Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Temos vários fatores que se somam para entender melhor esse baixo dinamismo. Enquanto algumas atividades tiveram crescimento mais sustentado no ano, outras tiveram quedas”, lembrou Santos.

O pesquisador menciona que a queda na taxa de juros não está resultando em mais consumo via crédito, mas os indicadores de inadimplência começaram a ceder, ao mesmo tempo em que houve um movimento também de renegociação de dívidas.

“Há alta na massa de rendimento, mas, nesse caso também, esse consumo está sendo protelado para que se pague dívidas, se renegocie dívidas, se diminua o tamanho dessas dívidas, tanto em termos de prazo como em orçamento destinado a isso”, opinou. “O mercado de trabalho está melhorando, com massa real de rendimento crescendo, número de pessoas ocupadas crescendo, o crédito com expansão devido a taxas de juros caindo, mas isso não está chegando ao varejo, não está chegando ao consumo efetivamente”, acrescentou.

O volume vendido pelo comércio varejista recuou 0,3% na passagem de setembro para outubro de 2023, na série com ajuste sazonal. Houve perdas em cinco das oito atividades pesquisadas: Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-5,7%), Tecidos, vestuário e calçados (-1,9%), Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,8%), Combustíveis e lubrificantes (-0,7%) e Móveis e eletrodomésticos (-0,1%).

Os problemas contábeis em grandes redes varejistas seguem prejudicando o desempenho das atividades de vestuário, móveis e eletrodomésticos e outros artigos de uso pessoal e doméstico, embora esse impacto tenha ocorrido em menor intensidade em outubro, apontou Santos.

“Esse impacto se dá através da diminuição do número de lojas físicas”, justificou o pesquisador do IBGE.

Quanto ao segmento de equipamentos de informática e comunicação, houve influência negativa da valorização do dólar, disse Santos.

“Muitos produtos ofertados por essa atividade são importados, então (a alta do dólar) reduz também o ímpeto de compra desses produtos”, explicou.

Na direção oposta, houve avanços nas vendas de Livros, jornais, revistas e papelaria (2,8%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (1,4%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,2%).

O comércio varejista ampliado – que inclui as atividades de veículos, material de construção e atacado alimentício – recuou 0,4% em outubro ante setembro. Veículos e motos, partes e peças avançaram 0,3%, e Material de construção teve expansão de 2,8%. Ainda não há divulgação de dados individuais para o atacado de produtos alimentícios na série com ajuste sazonal, por ser necessária uma série histórica mais longa, que permita uma base de dados consistente para as divulgações ajustadas sazonalmente, justificou o IBGE.

Fonte: Contadores CNT

Compartilhe